O insubstituível Freddie Mercury

Saiba mais de detalhes na história de um dos vocalistas mais excêntricos do rock

Publicada em 9/5/2023 8:30:00 AM

Tudo em Freddie Mercury era diferente. E Ele foi um homem único que tinha um espírito artístico inquieto, nascido para entreter. Seu trabalho com a lendária banda de rock Queen foi parte de um coletivo. No entanto, o lado imprevisível de Mercury, que combinava com seu sobrenome de palco inspirado em sua canção "My Fairy King" - na letra "Mother Mercury, look what they've done to me" - deu à banda um vocalista extravagante que apreciava os holofotes e o estrelato.

Toque para aumentar

A atitude de Freddie em relação ao seu trabalho, e especialmente à sua encenação, está bem refletida em seus comentários no "jornal" online criado para marcar o 40º aniversário da reedição do álbum 'News Of The World' do Queen, de 1977. Na época, Mercury refletiu: "Gosto de pensar que posso fazer coisas diferentes. Não gosto de pensar: ok, rock'n'roll, vou subir lá, calçar meus sapatos de salto alto e tocar as músicas. Gosto de pensar que fazemos tantos tipos diferentes de músicas que, quando tentamos juntá-las, elas exigem um tipo diferente de formato".

Ele sempre teve uma paixão insaciável pela música. No entanto, um detalhe em sua personalidade que se destacava quando o conhecia mais a fundo era que ele era um grande admirador de filmes. A paixão que começou na escola pública St. Peter's, na Índia - onde ele era obrigado a jogar críquete e detestava - o levou a adorar as noites de cineclube onde eram exibidas produções de John Gielgud e Laurence Olivier. Na verdade, os filmes favoritos de Freddie Mercury oferecem uma visão reveladora da vida de um dos vocalistas mais teatrais do rock.

Há até relatos de que, mais tarde, quando era um artista mundialmente renomado, Mercury raramente dormia mais de quatro horas por noite porque costumava ficar acordado assistindo filmes. Se ele achasse que estava sendo arrogante demais, às vezes diria: "Estou começando a parecer Gloria Swanson", a estrela de Hollywood de Sunset Boulevard. Além disso, sempre admitiu que um de seus atores masculinos favoritos era Burt Reynolds.

Sua paixão era tão grande que o artista e seus companheiros de banda do Queen, Brian May, Roger Taylor e John Deacon, nomearam dois de seus álbuns "A Night At The Opera" e "A Day At The Races" em homenagem aos filmes de comédia dos irmãos Marx.

Taylor falou muito sobre filmes com Mercury - “todos nós íamos ver o último filme de Stanley Kubrick a cada quatro anos” - e disse que o “filme favorito absoluto” do cantor era “Some Like It Hot”, de Billy Wilder, eleito pelo American Film Institute como a melhor comédia já feita.

Nunca interessado em permanecer no mesmo lugar, o estilo de composição de Freddie era ambicioso e audacioso, como pode ser ouvido nas primeiras obras-primas "Seven Seas of Rhye", "Good Old-Fashioned Lover Boy" e "Killer Queen", além da música mencionada que inspirou seu nome. Ele também foi apreciado de forma mais reflexiva em "Play the Game" e nas lindas baladas que ele presenteou ao mundo, como "Love of My Life", "Somebody to Love" e a icônica "Bohemian Rhapsody". É difícil compilar todas as obras de arte que ele criou durante sua carreira - caso você nunca tenha visto, dê uma olhada nos sucessos que compôs.

Seus próprios gostos eram ecléticos, variando desde os mestres clássicos até a era do rock, incluindo os Beatles, The Who, Jimi Hendrix, Led Zeppelin, e sua alma gêmea, David Bowie. Freddie não se intimidava com sintetizadores e novas tecnologias, mas amava a estética do Concert Grand e o uso de instrumentos um tanto quanto não convencionais, como o cravo - cujas texturas davam ao Queen e ao seu próprio trabalho um toque romântico.

Ele admirava o romantismo e figuras históricas que eram símbolos sexuais e apaixonantes. Peter Freestone, que foi assistente pessoal de Mercury por 12 anos, disse: “Freddie admirava Marilyn (Monroe) como o ícone que ela era e sentia que ela era usada pelos estúdios que não compreendiam completamente tudo o que ela tinha a oferecer”.

Além disso, ele era uma pessoa tão criativa e tinha referências tão peculiares que isso o tornou um ponto fora da curva no rock'n'roll. Algo que sempre o inspirou foi o filme "Cabaret", que se passava em Berlim na década de 30 e foi estrelado por Liza Minnelli. “Na verdade, uma das minhas primeiras inspirações veio do Cabaret. Eu absolutamente adoro Liza Minnelli, ela é incrível. A maneira como ela entrega suas músicas - a energia pura”, afirmava Freddie. “A forma como as luzes realçam cada movimento do espetáculo. Acho que você pode ver semelhanças na emoção e energia de um show do Queen”.

Mercury viu a versão teatral de "The Rocky Horror Show" no Royal Court Theatre, em Chelsea, Londres, e assistiu à versão cinematográfica do clássico cult, estrelado por Tim Curry, em 1975. Mercury ficou encantado com sua coreografia, sexualidade fluida e atmosfera de excesso total. Curry e Mercury tornaram-se amigos e o cantor - claramente - se inspirou muito no personagem do amigo para complementar ainda mais a figura icônica que construía para o público.

Um artista tão diversificado que gravou a faixa “How Can I Go On”, junto com Montserrat Caballé - e que o baixista John Deacon adicionou seu brilho habitual - teve a capacidade não só de emocionar os fãs do Queen, mas o mundo todo.

Em 1991, quando estava gravemente doente no final de sua vida, Mercury costumava ficar deitado em um sofá em Montreux assistindo a Lana Turner em “Imitation Of Life”. O melodrama do diretor alemão Douglas Sirk é sobre a aspirante a atriz Turner e sua amizade com Juanita Moore, na qual as duas mulheres estabelecem uma sólida amizade enquanto lidam com os problemas da vida. Em um momento debilitado, Freddie encontrou nos filmes, um conforto. Ele foi o primeiro grande astro do rock a morrer de complicações decorrentes da terrível doença da Aids e seu falecimento fez dela um problema de consciência pública como nunca antes.

O artista atravessou fronteiras e culturas, sendo verdadeiramente moderno. Na vida e na morte, Freddie tocou milhões com sua presença de estrela no palco, com um estilo vocal único, conseguindo ao mesmo tempo transmitir uma figura calorosa para o público. Ele era verdadeiramente uma pessoa “rapsódica”, uma justaposição entre o clássico e o livre, que esbanjava talento e energia. Ele morreu muito cedo em Londres, em 1991, aos 45 anos, mas deixou um verdadeiro legado que nunca cessou.